terça-feira, 14 de junho de 2011

Gravuras Antigas

    Gay é uma palavra de origem inglesa que significa literalmente alegre. É geralmente usada para se referir a homossexuais. A origem da palavra antecede ao inglês e surgiu na Península Ibérica. A partir dai foi que se espalhou para outras línguas, sendo usada com muita freqüência no Brasil e em Portugal.
    Embora algumas vezes gay seja usado como denominador comum entre homens e mulheres homossexuais e bissexuais, tal uso têm sido constantemente rejeitado por implicar na invisibilidade ante a lesbianidade e à bissexualidade. Inicialmente, era utilizada principalmente como pejorativa contra homens gays. Uma vez que os próprios homossexuais passaram a utilizá-la para referir-se a si mesmos, a sua conotação negativa foi se perdendo.
    Já a palavra lésbica originalmente se referia somente às habitantes da ilha de Lesbos, na Grécia. Na Antiguidade, entre os séculos 6 e 7 a.C., morava nesta ilha a poetista Safo, admirada por seus poemas sobre o amor e a beleza, em sua maioria dirigidos às mulheres. Por esta razão, o relacionamento amoroso entre mulheres passou a ser conhecido como lesbianismo ou safismo. Muitos termos foram usados para descrever o amor entre mulheres nos últimos dois séculos, entre os quais: amor lesbicus, urningismo, safismo, tribadismo, e outros. Mesmo a sociedade brasileira passando por grandes transformações e estando mais conscientes dos direitos das pessoas pertencentes a grupos sociais minoritários, existem ainda os termos pejorativos e comumente utilizados no vernáculo popular como por exemplo, sapatão, bolacha, paraíba, etc...)
    Para os gays masculinos acontece a mesma coisa. São muitos os sinônimos. Os mais comuns são bicha, veado, boiola, biroba, chibungo, bunda de piru, queima-rosca e baitola. Esta ultima nasceu no Ceará no inicio do século XX, quando um engenheiro inglês, de modos afeminados, trabalhava na instalação de uma linha férrea no Ceará. Como não falava português corretamente, ao se dirigir aos trabalhadores braçais dizia "cuidado com a "baitola", querendo dizer "bitola", mas pronunciando o "i" como na língua inglesa. Os trabalhadores o apelidaram de "baitola", o termo pegou e passou a ser usado para designar os homossexuais em geral.
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    domingo, 22 de maio de 2011

    Evangélicos protestam contra criminalização da homofobia e kit gay em Curitiba

    Foto: Reprodução de TVUma manifestação organizada por cerca de 600 igrejas evangélicas reuniu pelo menos 50 mil pessoas neste sábado em Curitiba. A "Marcha para Jesus" percorreu ruas do centro da cidade, e foi concentrada em uma praça do bairro Centro Cívico, que teve apresentações de cantores até as 18h deste sábado.

    Os participantes do evento aproveitaram a confraternização e fizeram alerta a população para o combate da exploração e abuso sexual infantil. Além de também protestaram contra a distribuição de kit gay nas escolas públicas promovido pelo governo federal, e a legalização da maconha.

    Os manifestantes fizeram um abaixo-assinado contra o kit e o projeto de lei, o PLC 122, que criminaliza a homofobia. O projeto está em tramitação no Senado e é chamado de "lei da mordaça" no meio evangélico

    Beijaço gay" em Porto Alegre pede punição à homofobia Estudantes protestaram contra preconceito com beijos no centro da capital gaúcha

    Mãe de Lisiane, que namora Sabrina, Mari Del Storniolo segurava um pequeno cartaz na Esquina Democrática, coração de Porto Alegre: “Mães! Abaixo a homofobia!” Como de costume, ela mais uma vez apoiou a filha: acompanhou a garota no “beijaço gay” promovido por estudantes ao meio-dia desta quarta, defendendo a criminalização do preconceito contra homossexuais no Brasil.
    “Sou mãe incondicional dela. Sei que ela é lésbica desde o dia em que ela também soube. Eu estou sempre com ela. O meu medo é a homofobia”, disse Mari.
    Mães de homossexuais dão apoio às filhas durante protesto em Porto Alegre
    Namoradas há um ano, a estudante de Ciências Sociais Lisiane Storniolo, 25 anos, e a médica Sabrina Fernandes, 42, participaram do protesto realizado no centro de Porto Alegre. “Diretamente, nunca sofri violência, mas sempre sentimos o preconceito nas ruas. Precisamos lutar contra ele”, afirma Lisiane.
    A manifestação, que aconteceu em outras cidades brasileiras, foi organizada pela Assembleia Nacional de Estudantes Livres (Anel), entidade criada há dois anos em oposição à União Nacional dos Estudantes (UNE). Sob a bandeira do arco-íris, símbolo do movimento gay, vários casais de mulheres e apenas um casal de homens se beijaram ao comando do megafone.
    O “beijaço gay” pediu a aprovação, pelo Congresso Nacional, de um projeto de lei que trata a homofobia como crime, tal como acontece com o racismo. “A liberdade de expressão sexual é um direito das pessoas. O STF aprovou a união entre os homossexuais, mas eles ainda não podem andar na ruas por estarem sujeitos a agressões”, afirmou o coordenador do Diretório Central de Estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Matheus Gomes.
    Meninas participam de "beijaço" em Porto Alegre

    quinta-feira, 19 de maio de 2011

    O diálogo a seguir se deu meses atrás, num barzinho paulistano, entre Marina, de 16 anos, e Ricardo, de 21.
    Marina: O que você faria se eu dissesse que já beijei uma mulher?
    Ricardo: Continuaria a te amar do mesmo jeito. Mas por que isso agora?
    Marina: Nada, não é nada... Não estou falando de mim.
    Mais segura depois dessa resposta, ela lhe entrega um bilhete, com uma frase incisiva: "Minha mãe namora uma mulher". Diante da expressão de surpresa do rapaz, ela explica: "Ainda é difícil para mim falar sobre isso". Ricardo, então, a abraça e eles não demoram a mudar de assunto. O namoro continua firme até hoje.
    Marina pertence a um grupo que já se apresenta encorpado o suficiente para chamar a atenção dos estudiosos de questões comportamentais – o das famílias compostas de pais gays ou mães lésbicas (assumidos, bem entendido). As configurações, aqui, são de três tipos. Há os que "saíram do armário" depois de um casamento heterossexual e criam os rebentos do relacionamento anterior ao lado de seus novos companheiros. Existem os homossexuais (solteiros ou não) que adotam. E, por último, há as lésbicas que se submetem a inseminação artificial. Ninguém se preocupou ainda em medir o tamanho do fenômeno no Brasil, o que é quase um clichê. É possível, no entanto, que ele esteja próximo do patamar americano. Nos Estados Unidos, estima-se que 22% dos homossexuais assumidos tenham a guarda de crianças. Nas cidades mais liberais, como Nova York e San Francisco, são conhecidos pelo apelido carinhoso de "pink parents" (pais cor-de-rosa).
    Esse gênero de arranjo familiar está menos incomum, mas não é fácil para os envolvidos expor-se em sociedade. Tanto que a maior parte dos entrevistados por VEJA só consentiu em falar se a revista usasse nomes fictícios e os fotografasse de forma a não ser reconhecidos. Ter pai gay ou mãe lésbica pode ser motivo de discriminação, velada ou não. É certo que, nos dias de hoje, conta a favor da aceitação o fato de o conceito de politicamente correto ter impregnado as relações sociais e, em latitudes mais ao norte, até mesmo a legislação, graças ao empenho dos ativistas. Na Dinamarca, na Suécia e na Noruega, a lei já admite casais homossexuais, conferindo-lhes quase todos os direitos de que gozam os heterossexuais. Na Holanda, a equiparação é total – trata-se do único país do mundo em que dois homossexuais podem adotar uma criança, sem recorrer a subterfúgios. A certidão de nascimento sai com a filiação "mãe e mãe" ou "pai e pai". No Brasil, apesar das pressões para que seja reconhecida a união civil entre pessoas do mesmo sexo, a lei ainda não ampara gays e lésbicas que dividem o mesmo teto por amor. E muito menos lhes dá o direito de adotar ou registrar em conjunto uma criança. Tal estado de coisas, evidentemente, só serve para reforçar o preconceito. O resultado é que, no mais das vezes, pequenos e adolescentes vêem-se obrigados a se comportar como se fossem cúmplices de um crime. O que é aberto dentro de casa se torna um segredo fora dela. Para amigos e colegas, a companheira da mãe vira "a prima da mamãe que mora em casa" e o do pai, "um tio que vive com ele".
     
    Rogerio Voltan
    A VONTADE DE TER UMA FAMÍLIA
    "Quando eu e Marcos completamos quatro anos vivendo juntos, veio a vontade de ter um filho. Montamos enxoval para adotar um bebê. Foi um susto para toda a família. Como poderíamos criar um filho sem uma mãe? Mas eu fui criado para ter uma família: filhos, gato, cachorro, passarinho... Adotamos Débora com 5 meses. Foi uma experiência tão feliz que, seis anos depois, adotamos Lara. Elas lidam muito bem com nossa orientação sexual. Quando Débora foi para a escola, isso a abalou um pouco. Ela notou que os coleguinhas tinham um pai e uma mãe e ela tinha dois pais. Dizemos a elas que nos amamos e é isso que une uma família. Eu sofri e sofro com a discriminação e não quero que isso se repita com minhas filhas. Nós as preservamos ao máximo e as preparamos para enfrentar as diferenças."
    Renato, empresário (na foto, de sobretudo preto)

    Além de obstáculos nas relações sociais, não é raro que filhos de pais homossexuais enfrentem problemas de ordem emocional, principalmente quando se encontram na adolescência. Afinal de contas, esse é o período em que a sexualidade desabrocha e quando referências masculinas e femininas bem definidas ajudam a sedimentar a identidade de cada um. "É importante que pais homossexuais estejam cientes dessas questões e, se for preciso, não hesitem em procurar ajuda", recomenda a psicóloga Edwiges Ferreira Silvares, da Universidade de São Paulo. As situações mais delicadas são as que decorrem de um pai ou uma mãe que assume a homossexualidade após terminar um casamento heterossexual. Como é praxe a mulher permanecer com a guarda, há mais lésbicas morando com filhos do que gays. Por causa dessa proximidade, elas têm mais dificuldade em abrir o jogo. Mas os especialistas aconselham que, vivendo ou não ao lado dos filhos, pais e mães falem abertamente de sua orientação sexual – sem entrar em minúcias, é claro, assim como heterossexuais também não devem descrever o que fazem na cama. Quanto mais cedo a criança souber, mais fácil será para ela assimilar a notícia e encarar as manifestações preconceituosas.
    Trata-se de uma reviravolta na psicologia. Até pouco tempo atrás, a maioria dos profissionais dessa área recomendava que se escondesse tudo dos pequenos. Por causa disso, um sem-número de crianças e jovens teve seus traumas amplificados. O depoimento da bióloga Regina, hoje com 26 anos, é exemplar de como é um erro tentar ocultar o que não pode ser ocultado:
     
    Tomas Dyballa
    PAI É PAI E NADA MAIS
    "Conheci meu filho em um orfanato do Rio, em meados de abril de 1997. Já na primeira visita, aquele menino franzino, de apenas 1 ano e 6 meses, me chamou a atenção. Foi amor à primeira vista. Lembro-me de tê-lo tomado nos braços e dizer: 'Eu vou mudar a sua vida e você vai mudar a minha'. Quando o conheci, sua certidão registrava apenas o nome da mãe. Pai, desconhecido. Hoje, ele é filho de Angelo Barbosa Pereira e mãe desconhecida. Faz quatro anos que ele chegou e posso garantir que minha qualidade de vida melhorou. Não acho relevante o fato de eu ter orientação homossexual.
    Não vejo diferença entre mim e outros pais. Um pai não é homossexual, nem heterossexual, nem médico, nem bicheiro, nem nada. Pai é pai e nada mais. Minha sexualidade nada tem a ver com a dele. Se um dia ele perguntar com todas as letras, responderei com todas as letras. Não há bondade na adoção. É ato de amor ou não é nada. Se falo sobre isso abertamente, é para incentivar outras pessoas a fazer o mesmo."
    Angelo B. Pereira, professor e tradutor de inglês e alemão

    "Meus pais se separaram quando eu tinha 1 ano. No momento em que meu pai resolveu assumir sua orientação sexual, ele e minha mãe buscaram a ajuda de psicólogos. Esses profissionais disseram a eles que não contassem nada a mim nem à minha irmã, até que fôssemos adolescentes. Morávamos numa cidade do interior paulista, onde todos se conheciam. Resultado: ficamos sabendo por outras pessoas. Eu tinha 11 anos nessa época. Minha primeira reação foi culpar minha mãe por não ter me dito antes. Me tornei uma verdadeira 'aborrecente'. Nunca mais quis ter contato com meu pai, que se mudara para outro Estado. Me recusava a receber as suas cartas e a atender os telefonemas dele. Tive de mudar de escola por causa de uma garota que vivia gritando 'Seu pai é gay!'. Quando comecei a namorar, achava que todos os meus namorados eram gays. Cheguei a questionar a minha própria sexualidade. A orientação sexual de meu pai era um segredo que eu levava anos para contar a meus namorados. Era um segredo meu, só meu. Fiz três anos de análise e acho que isso salvou a minha vida. Consegui respeitar meu pai e até me orgulhar dele quando fiz 18 anos. Hoje sei que cada um é feliz à sua maneira".
    Gays e lésbicas que decidem pela adoção ou pela inseminação não têm como esconder a verdade e revelam logo a natureza de seus relacionamentos amorosos. Os problemas começam a surgir quando a criança entra na escola. Há pais que evitam que seus filhos freqüentem a casa do colega que tem uma família "alternativa" – como se a homossexualidade fosse uma doença, e doença contagiosa. Quando ficam maiores, as crianças oriundas desses lares não raro se tornam alvo de chacota ou de xingamentos. Francisco Ribeiro Eller, de 7 anos, filho da cantora Cássia Eller, lésbica assumidíssima, volta e meia chega com uma história chata. "Eu e minha companheira, Maria Eugênia, conversamos muito com o Chicão sobre isso e achamos que ele segura bem a onda. Quando acontece de na escola alguém gritar: 'Sua mãe é sapatão!', ele responde: 'E daí?'. Acho que o amor supera essas coisas", diz Cássia.
    É bom frisar que ninguém se torna homossexual simplesmente porque visita de vez em quando a casa do filho de um gay ou de uma lésbica. Embora as referências externas sejam importantes, o desenvolvimento da sexualidade está muito mais ligado ao psiquismo de cada um – um aspecto incontrolável. Esse é um ponto de partida para os educadores na hora de enfrentar as perguntas de pais preocupados com o fato de o amiguinho do filho ter dois pais ou duas mães. Outro ponto que costuma ser levantado em tais ocasiões são os riscos embutidos no contato com um suposto "estilo de vida homossexual". Ocorre que gays e lésbicas que se propõem a educar um filho levam um cotidiano tão estável e respeitável quanto o de qualquer casal conservador. "Do contrário, por que constituiriam uma família?", argumenta o psicólogo Antonio Carlos Egypto.
    Claudio Rossi
    NAMORADO... NÃO
    "Minha mãe viveu durante dez anos com Cristina. No fundo, eu sabia que elas eram mais do que amigas íntimas. Até porque no quarto delas havia uma cama de casal. Evitava perguntar porque eu não queria saber. Um dia, quando elas já haviam se separado, estava indo à padaria com minha mãe e lancei a pergunta: 'Mãe, você não tem namorado?'. 'Namorado... não', ela respondeu. Desci correndo do carro para não ter de ouvir o resto. Para mim, era normal. Mas eu tinha muito medo dos outros. E também pensava: 'Será que minha mãe vai ficar beijando outra mulher na minha frente?'. Mas ela sempre me respeitou muito. Tinha 14 anos na época. Tive um namorado que vivia fazendo piadinhas de gays e eu só pensava na minha mãe. Foi um alívio quando meu namorado atual soube de tudo e levou numa boa."
    Marina, estudante, filha de Márcia, gerente administrativa

    A lei brasileira permite que homens e mulheres solteiros adotem crianças, sem fazer referência à sua orientação sexual. É nesse vácuo que gays e lésbicas conseguem um filho. Os empresários paulistas Renato e Marcos vivem juntos há dezessete anos. Quando sua união completou quatro, eles decidiram adotar um bebê. Renato, então, tornou-se pai de Débora, hoje com 13 anos. Depois foi a vez de Marcos adotar Lara, atualmente com 7. Cada menina tem um sobrenome e, perante a lei, não teria direito à herança do pai legal da outra. O casal contornou esse entrave, colocando todos os bens da família em nome dos dois. "Ao não reconhecer a união civil de homossexuais, a legislação brasileira cria esse tipo de imbróglio", constata a advogada Ana Elisa Lolli, especialista em causas que envolvem homossexuais.
    Os desvãos da lei acabaram por semear uma batalha entre as correntes moderna e conservadora da Justiça. Alguns juízes consideram a adoção de uma criança por gay ou lésbica uma espécie de atentado à integridade moral do menor. É um julgamento sem fundamento na realidade. Não há nenhum estudo sério que prove ou mesmo insinue que filhos de homossexuais, biológicos ou não, estejam mais predispostos a se tornar adultos perturbados. Na mão oposta, cresce o número de juízes, promotores e assistentes sociais que partem do princípio de que homossexuais bem posicionados social e financeiramente estão aptos a criar um filho. "É 200.000 vezes melhor uma criança amada por um pai gay do que vivendo na melhor instituição ou abrigo do Estado", defende o juiz Siro Darlan, da 1ª Vara da Infância e da Juventude do Rio de Janeiro. Desde 1998, ele já concedeu oito guardas de crianças a homossexuais solteiros.
     
    Selmy Yassuda
    E DAÍ?
    "Quando soube que estava grávida, quis ter meu filho e continuar minha vida ao lado de Eugênia, com quem vivo há treze anos. Chicão sente falta do pai, que morreu cinco dias antes dele nascer. Eu tive um pai e uma mãe e sei quanto isso é bom. Nós conversamos muito com ele sobre a nossa orientação sexual e acho que ele segura bem a onda. Na escola, quando alguém grita: 'Sua mãe é sapatão!', ele responde: 'E daí?'.
    " Cássia Eller, cantora (à esq.)

    Ao contrário da maioria dos casais heterossexuais de classe média, que preferem adotar recém-nascidos brancos e absolutamente saudáveis, gays e lésbicas não fazem restrição alguma a cor, idade ou estado de saúde. Sabem como ninguém o que é ser vítima de exclusão e preconceito. Há quatro anos, o professor carioca Angelo B. Pereira adotou P.P. O menino chegou a sua nova casa com sarna, vermes, feridas pelo corpo e uma diarréia que durou quatro meses. Hoje, P.P. freqüenta uma ótima escola, é cercado de atenção e mimos e, acima de tudo, é amado pelo pai. "Paternidade não tem nada a ver com orientação sexual", diz Angelo, autor de um livro sobre o assunto, Estreitos Nós, ainda sem editora. Ele foi um dos primeiros brasileiros a conseguir adotar uma criança declarando sua homossexualidade ao juiz. Para tanto, passou por uma análise criteriosa feita por assistentes sociais e só recebeu a sentença favorável após a Justiça verificar que ele preenchia uma série de requisitos necessários para o sustento e a educação de P.P.
    O amor supera tudo, diz Cássia Eller. Supera mesmo. Basta acompanhar a rotina doméstica dos empresários Renato e Marcos, os pais de Débora e Lara. Eles podem ser tão "caretas" e protetores quanto um casal heterossexual. E se recusam a dividir papéis: nenhum dos dois finge ser mãe. Ambos são paizões, que impõem regras e sustentam discussões acirradas em torno de horários e cumprimento de deveres. "Sempre lembramos a Débora: você é uma das primeiras filhas de pais gays. É uma responsabilidade grande para você também", ressaltam. Débora, Lara, Marcos e Renato são o retrato de uma família feliz e só um pouquinho diferente.
     
    MAMÃE E MAMÃE
    A roqueira americana Melissa Etheridge viveu por doze anos com a cineasta Julie Cypher. Com a ajuda do músico David Crosby, fundador da banda Crosby, Stills and Nash, as duas conseguiram ser mães. Com o consentimento da mulher, Jan, em duas ocasiões ele doou esperma para a inseminação artificial de Julie. No ano passado, Melissa e Julie se separaram. As crianças, Bailey e Beckett, ficaram com a mãe biológica, Julie



    Com reportagem de Sérgio Martins

    Veja também
    Rádio VEJA
    Entrevista com o psicólogo Antonio Carlos Egypto
    A psicóloga Lídia Weber fala sobre adoções de crianças por homossexuais



    “Levei um susto! Foi uma total surpresa para mim, mas diferente da maioria, o que me veio à cabeça naquele momento foi imaginar o sofrimento da minha menina desde os 12 anos, idade em que se descobriu lésbica, antes disso, ela só sabia que era diferente”.
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    O depoimento é de Angela Moysés, mãe de Thaís, de 21 anos. A jovem assumiu ser lésbica aos 16 anos. Antes de saber o que estava acontecendo de fato, Angela observava um comportamento estranho da filha - sempre calada, chorando a toa e usando a desculpa que estava estressada pelo excesso de atividades, que na verdade se tratava de uma válvula de escape.
    “Um dia, após chegarmos do cursinho, eu disse a ela que enquanto não me contasse qual era o problema não levantaríamos da mesa. E foi aí que ela me relatou que gostava de meninas e não de meninos”. Na mesma hora, a mãe fez a seguinte pergunta: "Filha, você tem idéia de que seu caminho será muito sofrido?" E ela respondeu: "mãe, se fosse opção você acha que teria escolhido o caminho mais difícil para viver?"
    A partir daí, Angela começou a ler sobre o assunto, além de se preparar para falar com o seu marido e sua filha mais nova, Tatiana, que na época tinha 13 anos. Para a sua surpresa, ele encarou a situação normalmente. “Inclusive ele disse que iria entrar no mundo gay pela porta da frente, de mãos dadas com ela e que não era necessário continuar vivendo uma vida dupla. Nós queríamos conhecer as pessoas com quem ela estava andando, e assim foi. Sabíamos que essa nossa postura traria problemas - já sofremos com o preconceito - mas enfrentamos tudo juntos”.
    Angela passou a convidar amigos gays e lésbicas da filha para a sua casa e percebeu que grande parte deles tinha histórias tristes para contar. Certo dia, a filha trouxe uma cartilha do Grupo de Pais de Homossexuais (GPH), ONG que promove reuniões presenciais ou virtuais e conta com o apoio de psicólogos. Edith Modesto, a fundadora do grupo, compilou alguns depoimentos e os reuniu no livro "Mãe sempre sabe? Mitos e verdades sobre pais e seus filhos homossexuais", lançado este mês.
    “Foi um grande passo participar da ONG. Queria mostrar a eles que é possível sim ter um filho ou filha homossexual e ser feliz. É extremamente gratificante, principalmente quando conseguimos ajudar um pouquinho aquela mãe que está um farrapo, destroçada, e que passa a enxergar uma luz no fim do túnel!”, diz.
    Sobre a falta de leis que reconheça a união de homossexuais Angela é enfática: “Eles trabalham, pagam impostos, vivem toda uma vida juntos e na hora que um deles morre, não há direito a pensão e nem a herança. Isso é injusto. Temos que reconhecer de direito o que já existe de fato!
    "Mãe sempre sabe? Mitos e verdades sobre pais e seus filhos homossexuais"
    Edith Modesto
    Editora Record
    Por Juliana Lopes

    Censo 2010 contabiliza mais de 60 mil casais homossexuais Resultados preliminares foram divulgados nesta sexta-feira (29), pelo IBGE. País tem 37,5 milhões de casais formados por pessoas de sexo oposto.

    o G1, no Rio e em São Paulo
    Tabela IBGE (Foto: Editoria de Arte/G1)
    O Brasil tem mais de 60 mil casais homossexuais, segundo dados preliminares do Censo Demográfico 2010, divulgados nesta sexta-feira (29). Essa foi a primeira edição do recenseamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a contabilizar a população residente com cônjuges do mesmo sexo.
    Ainda de acordo com os resultados preliminares, 37.487.115 casais são formados por pessoas de sexo oposto.
    Em números absolutos, a região com mais casais homossexuais é o Sudeste, que abriga 32.202 casais, seguida pelo Nordeste, com 12.196 casais. O Norte tem o menor número de casais do mesmo sexo: 3.429, seguido do Centro-Oeste, com 4.141. A Região Sul tem pouco mais de 8 mil casais homossexuais. Entre os estados, São Paulo é o que tem a maior quantidade de casais homossexuais (16.872) e Roraima é o que tem menos, com apenas 96 casais que se declararam homossexuais.
    Nesta sexta, o IBGE também divulgou a Sinopse do Censo Demográfico 2010, que apresenta os primeiros resultados definitivos do último recenseamento. Alguns números divulgados preliminarmente em novembro de 2010 foram ajustados, a exemplo do total da população, com a inclusão de estimativas sobre a população dos domicílios considerados fechados durante a coleta de dados.
    Os censos demográficos são realizados no Brasil a cada dez anos. Participaram desta edição, segundo o IBGE, cerca de 230 mil recenseadores, supervisores, agentes censitários e analistas censitários. A coleta do Censo 2010 foi realizada entre 1º de agosto e 30 de outubro de 2010.
    Grau de parentesco
    Dos 67,5 milhões de domicílios recenseados, mais de 57 milhões são considerados particulares e têm ao menos uma pessoa apontada como responsável pelos demais moradores da casa.
    Sobre o grau de parentesco dos residentes em domicílios particulares com relação ao responsável pelo domicílio, o levantamento preliminar aponta que, 71.279.012 brasileiros são filhos ou enteados que moram com os pais; 9.123.939 são netos ou bisnetos; 12.771.453 tem outro grau de parentesco; e 1.924.250 não possuem nenhum grau de parentesco com os demais moradores do domicílio.
    “Um morador de cada domicílio respondeu ao questionário e enumerou o grau de parentesco de cada morador do domicílio. Quem é o responsável, o cônjuge, o filho, o neto e demais parentescos que podem aparecer”, explica a demógrafa Leila Ervatti, do IBGE.
     
      quero me desculpar aos meus caros leitores,a ausencia desses ultimos dias,por motivos maiores.
      agradeço desde já a todos,e em breve novas atualizaçoes.

    quarta-feira, 27 de abril de 2011

    Estudantes fazem ato contra homofobia no campus da UFMG

    Um ato contra a homofobia reuniu cerca de 150 pessoas, nesta quarta-feira (27), em frente ao gramado da reitoria da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), no campus Pampulha, em Belo Horizonte. Com a proposta de darem um ‘Beijaço Gay’, expressão que batizou o evento, universitários e simpatizantes da luta pela diversidade sexual marcaram um ponto de encontro pela internet. Alguns casais homossexuais cumpriram o combinado e deram beijos em protesto contra o preconceito.
    “Acho legal, para mostrar que não tem diferenças”, falou Isabela, de 23 anos. Ela e a namorada Marcela, 30 anos, não estudam no campus, mas compareceram. Disseram que não sofrem preconceito entre familiares e amigos, mas uma delas já foi reprimida ao beijar dentro de um shopping. “Um segurança pegou no meu braço e disse que aquilo não era coisa para fazer em um ambiente familiar”, lembrou Marcela


    Na concentração, os idealizadores falaram sobre a intenção do ato simbólico promovido após uma denúncia recente de agressão contra homossexuais dentro do campus. “A gente espera que seja um incentivo para quem ainda tem vergonha de se beijar em público”, falou Isadora Lima, de 21 anos, que estuda psicologia na UFMG. Vindo de outra faculdade de Belo Horizonte, Pedro Queiroz, 21, participa de discussões do Grupo Universitário em Defesa da Diversidade Sexual (Gudds) e ajudou a criar o movimento. Perguntado sobre o impacto que o ‘Beijaço Gay’ poderia causar, respondeu que é importante tratar com mais naturalidade a homossexualidade. “Choca, mas isso vem do fato de que é alguma coisa que as pessoas não querem ver, mas existe”, falou.
      O bancário Marcos, 40 anos, e o mestrando Gilberto, 23 anos, namoram há três anos. “A gente quer igualdade”, disse Gilberto. Para o namorado, não surpreende ouvir relatos de violência do tipo dentro do ambiente acadêmico. “É um reflexo da sociedade, se existe preconceito fora da universidade, vai existir dento também. Mas é lamentável”, falou.

    Um grupo de estudantes do curso de publicidade levantou cartazes com a mensagem ‘#eu sou gay’. “Viemos trazer a mensagem de tolerância. Ao dizer ‘eu sou gay’ estamos assumindo o compromisso com a diversidade”, falou Jullie Utsch, de 18 anos.


    Os integrantes do grupo não se definiram como homossexuais e disseram que a mensagem é de apoio. ”Não é para chocar é para responder de uma forma diferente, com afetividade, a atitudes de homofobia”, falou Marcos Antunes, de 17 anos.
    Beijaço gay (Foto: Flávia Cristini/G1)Personagem drag queen fez a contagem para o beijo.
    (Foto: Flávia Cristini/G1)
    A presença de um repórter drag queen causou alvoroço. “Vim cobrir e a animação acabou caindo na minha mão”, brincou Malonna, personagem do estudante André Silva, de 25 anos. Ele ex-aluno de artes visuais da universidade e faz parte da equipe de um programa independente. “É uma ação política, que tira da invisibilidade a relação homoafetiva”, falou Mallona ao definir o evento. A drag queen fez a contagem para o beijo.

    Logo após o ato, a universidade informou por meio de uma assessora de imprensa ‘que é radicalmente contra a homofobia e que apoia o ato realizado no campus. Ainda segundo a assessora, que acompanhou o desfecho do ‘Beijaço Gay’, uma comissão dentro da universidade já ouviu um casal masculino, que denunciou ter sido vítima de agressão física durante uma calourada no campus. Sobre este caso de violência que incentivou a manifestação, a UFMG informou que procede com as apurações que devem ser concluídas num prazo de 30 dias, a contar da abertura da sindicância no dia 15 abril. O prazo pode ser prorrogado por mais 30 dias.